Cameron falando a verdade!
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Nasceu um buraco na minha rua Disse logo profético ao nascer Quando for grande quero ser Muito importante, vocês vão ver Quis tapar a boca ao buraco Participei à junta, fiz o meu dever Não o tapavam, era pequenino Tinha ainda muito que crescer O buraco que era pequenino Tão pequenino que mal se via Fez-se depressa um buracão Cresceu da noite para o dia Até os carros topo de gama Abrandavam por ele ao passar Só por cuidado, não por respeito Não fosse o carro se estragar | Mas com o passar do tempo Tornou-se o buraco arrogante Via os carros passar devagar Já se julgava muito importante Insisti com o presidente da junta Isso era das suas competências Até pode haver um acidente Precisa de tomar providências O presidente não ligou nenhuma Buracos? é coisa que não falta Para quê perder o seu tempo Porque um buraco chateia a malta Mas um dia passou o presidente A alta velocidade, sem atenção Rebentou-lhe o pneu e capotou Vieram logo jornais e televisão Sentiu-se o buraco importante Com tanta atenção e cuidado E o buraco que chateava a malta Foi logo nesse momento, tapado |
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
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